Um dos maiores desafios da população idosa é a sua fragilidade. Embora a sua definição seja complexa, o conceito está relacionado com o processo de envelhecimento e inclui componentes físicos como a fraqueza muscular, fraca resistência, falta de energia, falta de habilidade na marcha e níveis físicos pobres. Por estes motivos, a fragilidade está associada a dificuldades acrescidas na execução das atividades do dia a dia e, por consequência, à dependência de terceiros.

A perda de força muscular está associada ao envelhecimento, essencialmente devido a um fenómeno denominado sarcopenia (perda de função e massa muscular) que se vai tornando exponencial, já na fase adulta, mas principalmente na fase sénior.

Vários estudos, incluindo revisões sistemáticas e meta-análises, demonstraram que o treino com resistências aumenta a força em idosos, mas este poderá ser apenas um dos pontos para aumentar a performance durante as actividades do dia a dia

Há uns anos, apenas se treinava o equilíbrio com população idosa e negligenciava-se o treino de força, porque se dizia ser prejudicial, por exemplo, para as articulações. Com o tempo, e felizmente, esta visão foi-se alterando e em vários locais já se realiza, com esta população, o treino de força que tantos benefícios traz (aumento da força, da massa muscular, da densidade óssea, etc.).

Existe ainda um outro parâmetro – neuromuscular – que não costuma ser tão abordado nesta população, mas sim em atletas. Falamos da Taxa de Desenvolvimento de Força (TFD), uma medida da força explosiva, que é a capacidade que uma pessoa tem de produzir o máximo de força possível durante um intervalo de tempo.

É muito importante, então, a introdução deste tipo de treino junto da população idosa, porque torna o indivíduo mais potente!… E visto que as quedas ocorrem em milissegundos, quanto maior for a capacidade de produzir força em menos tempo, maior a probabilidade de evitar uma queda.

Ou seja, uma pessoa pode até ser muito forte, mas, em movimentos velozes (como saltar, correr….ou cair) não importa tanto ser o mais forte, mas sim conseguir aplicar força suficiente num menor espaço de tempo (seja para saltar mais alto, para correr mais rápido ou para colocar o pé rápido no chão e evitar cair).

O treino geriátrico, tal como qualquer outro, aliás, quando bem desenhado, é seguro para estes indivíduos, tornando-os mais robustos, fortes e resilientes.

Também, como para atletas, a programação do treino deve seguir princípios como o da individualidade (cada um tem as suas limitações específicas, e é sobre estas que devemos incidir), da especificidade (treinar em função do objectivo final) ou da sobrecarga progressiva (aplicar cargas e volumes que permitam ter adaptações positivas ao longo do tempo).

As guidelines, apontam para:

  • 2-3 séries;
  • 1-2 exercícios por grupo muscular;
  • Intensidades de 70 – 85% da repetição máxima para treino de hipertrofia/força;
  • Intensidades de 40-60%, executados a velocidades altas para treino de potência;
  • 2-3 vezes por semana.

Em suma, não olhar para o treino dos idosos como um conjunto de exercícios de equilíbrio, mas forcar essencialmente o treino de força e potência, que tem como vantagens:

  • Aumento da força;
  • Aumento da potência;
  • Aumento da resistência;
  • Melhorias no equilíbrio estático e dinâmico;
  • Aumento da independência;
  • Diminuição do risco de osteoporose;
  • Diminuição da perda muscular.

Referências Bibliográficas

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