Estalar os dedos é prática comum entre muitas pessoas, e com frequência em consulta somos questionados sobre os possível malefícios, surgindo a dúvida se essa prática pode causar danos às articulações.

Para responder a essa pergunta analisamos um estudo retrospectivo de caso-controle (1) realizado em pessoas de 50 a 89 anos que foram submetidas a radiografias da mão direita durante 5 anos. O objetivo do estudo foi investigar se estalar os dedos estava associado à osteoartrite (OA) de mão.

O estudo analisou 215 participantes, divididos em 135 pacientes com OA de mão comprovada por radiografia e 80 controles sem a condição. Os participantes relataram a frequência, duração e detalhes do hábito de estalar os dedos, além de outros fatores de risco conhecidos para OA. Os resultados mostraram que a prevalência do ato de estalar os dedos foi de 20% entre os participantes.

Quando comparados, a prevalência de OA em qualquer articulação entre os que estalam os dedos (18,1%) e os que não estalam (21,5%) não apresentou diferença significativa. Além disso, o estudo não encontrou evidências de que estalar os dedos represente um risco para OA em qualquer articulação específica. A duração total do hábito de estalar os dedos (em anos) e o volume (anos de frequência diária) também não foram correlacionados significativamente com a OA.

Com base nesses resultados, o estudo não conseguiu concluir qualquer relação entre a degeneração articular e o estalar dos dedos.

Portanto, para aqueles que têm esse hábito, aparentemente não precisam ter preocupação em relação ao desenvolvimento de osteoartrite nas mãos.

Outros dois estudos (2,3), já haviam tentado estudar essa mesma correlação, sem a conseguirem identificar.

Resta destacar que cada caso é único, e se tiver alguma preocupação específica ou dor/desconforto nas articulações, é recomendável procurar ajuda com um fisioterapeuta ou profissional de saúde qualificado, para um melhor seguimento e orientação devida.

– Artigo escrito pelo Fisioterapeuta Hugo Cruz.

Bibliografia

1-Deweber, Kevin et al. “Knuckle cracking and hand osteoarthritis.” Journal of the American Board of Family Medicine : JABFM vol. 24,2 (2011): 169-74. doi:10.3122/jabfm.2011.02.100156

2-Castellanos, J, and D Axelrod. “Effect of habitual knuckle cracking on hand function.” Annals of the rheumatic diseases vol. 49,5 (1990): 308-9. doi:10.1136/ard.49.5.308

3-Swezey, R L, and S E Swezey. “The consequences of habitual knuckle cracking.” The Western journal of medicine vol. 122,5 (1975): 377-9.