A intervenção do fisioterapeuta nas disfunções sexuais
Os Músculos do Pavimento Pélvico (MPP) formam um diafragma muscular que suporta o útero, a bexiga e os intestinos. Tanto a uretra, como a vagina e o ânus atravessam esses músculos que ajudam a controlar a bexiga e os intestinos, promovendo a continência urinária e fecal, respectivamente, além de contribuírem também na função sexual. Estes músculos contraem voluntaria e involuntariamente durante a actividade sexual e o seu relaxamento é essencial para funções como o coito, excreção de fezes e urina e para o trabalho de parto.
As Disfunções do Pavimento Pélvico estão relacionadas com o sistema urinário, fecal, sexual, de sustentação e à DOR. As queixas normalmente são acompanhadas por disfunções de mais de um desses sistemas. É importante que durante a avaliação do fisioterapeuta sejam considerados todos os relatos sobre micção, defecação, sexualidade e dor. A Organização Mundial de Saúde define saúde como “um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença”. O Ser Humano é a única espécie que tem relações sexuais fora do período fértil, o que demonstra a importância de existir saúde sexual.
O ciclo de resposta sexual humana corresponde a quatro fases. São elas a fase de desejo- referindo-se a fantasias e vontade de ter actividade sexual; fase de excitação, onde se experienciam sentimentos de prazer sexual e alterações fisiológicas concomitantes; fase do orgasmo que se refere ao ápice de prazer sexual com contracções rítmicas do diafragma urogenital e, por fim, a fase de resolução que reflete uma sensação de bem-estar geral e relaxamento muscular.
Um Pavimento Pélvico funcional permite uma excitação e resposta sexual adequada, ao invés de um Pavimento Pélvico hipertónico que não permite penetração, provocando dor.
O vaginismo é um exemplo de uma perturbação de dor sexual. Refere-se a uma contracção permanente dos MPP, traduzindo-se na dificuldade constante em permitir a penetração independentemente do desejo de o fazer. Além desta perturbação, fazem também parte da Classificação das Disfunções Sexuais Femininas e Masculinas, condições como perturbação do desejo/excitação sexual, perturbação do orgasmo, perturbação de dor génito-pélvica/penetração; ejaculação retardada, disfunção erétil, perturbação do desejo sexual hipoactivo masculino e ejaculação precoce. As causas para estas dificuldades prendem-se com factores físicos, psicossexuais e factores do contexto, como a menopausa, o pós-parto, a ansiedade de performance, perda de sentimentos para com o parceiro, estímulos inadequados, restrições culturais/religiosas, auto-estima e aceitação da imagem corporal, entre outros.
As intervenções do Fisioterapeuta nestas situações têm como objetivo reeducar o Pavimento Pélvico através da educação, palpação vaginal (avaliação e tratamento), reeducação postural, ensino da correcta contração dos MPP, técnicas de terapia manual, Biofeedback, trabalho com dilatadores vaginais in vivo e modificação de comportamentos. Deverá existir um trabalho multidisciplinar, incluindo Fisioterapeuta e Terapeuta Sexual ou Psicólogo no sentido de levar a cabo um tratamento que corresponda às expectativas e necessidades da mulher, homem ou do casal.
Alguma Disfunção do Pavimento Pélvico pode afectar o potencial para a satisfação física e emocional, por interferência com o desejo sexual e a predisposição mental, acabando por afectar toda a resposta sexual da mulher, particularmente quando a dor é um factor desencadeante.
Cuide do seu Pavimento Pélvico. Cuide de si!