A influência da nutrição na depressão

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a depressão é a principal causa de problemas de saúde e de incapacidade em todo o mundo. De acordo com a última análise, as perturbações do foro depressivo afetam mais de 300 milhões de pessoas, um aumento em mais de 18% entre 2005 e 2015. Em Portugal representam a terceira principal causa de incapacidade, atingindo cerca de 16,7% da população.

Alguns trabalhos científicos demonstram que cuidados específicos com a alimentação estão associados à prevenção da depressão e à diminuição da suas co morbilidades! É de ressalvar a importância dos ómegas, especialmente o ómega-3 presente nos peixes gordos e em algumas oleaginosas, pela sua ação anti-inflamatória. Sabe-se que a inflamação por si só é um processo necessário a todos os organismos vivos, contudo ela tem que ser resolvida no tempo para não dar lugar a uma inflamação crónica, que pode ser o despoletar de problemas cognitivos. A ingestão de alimentos ricos em ómega 3 (anti-inflamatório) em detrimento de ómega 6 (pro-inflamatório) pode ser um auxílio na prevenção e/ou na resolução do problema.

Deste modo, ainda que a prescrição e o tratamento médico seja crucial no tratamento destas doenças, torna-se imperativa a adoção de um estilo de vida saudável assim como a ingestão de alguns alimentos e nutrientes para auxiliar não só o seu tratamento tal como a prevenção.

Facilmente algumas medidas podem ser adotadas: começar por fazer várias refeições ao longo do dia promove um melhor funcionamento do cérebro. A principal fonte de energia deste órgão é a glicose, proveniente sobretudo da ingestão de hidratos de carbono.

Privilegiar o consumo de boa gordura, especialmente dos ómegas da série 3 – EPA e DHA, dando preferência aos alimentos e suplementos que tenham maior teor em EPA – uma vez que assumem um papel preponderante na saúde cerebral, tal como referido anteriormente. Além disso, o consumo regular de hortofrutícolas e leguminosas parece também ter uma função importante, uma vez que contêm muitos antioxidantes e substâncias bioativas, nomeadamente a vitamina A, B, C e E, alguns flavonoides e carotenoides, que reduzem o stress oxidativo, prevenindo assim a disfunção neurológica. A inclusão de fontes proteicas em todas as refeições parece também ser benéfica a este nível. A proteína da carne, peixe, ovos, leite e derivados magros, além de potenciar um bom aporte de vitamina B12 garante a ingestão de aminoácidos (triptofano, tirosina, fenilalanina) percursores da serotonina e da dopamina, neurotransmissores estes com funções estimulantes ao nível do sistema Nervoso Central.

Por fim, o acompanhamento por profissionais de saúde especializados, ao nível da nutrição e da psicologia, conseguirá potenciar uma maior adesão a estas medidas e permitir uma melhoria na “performance” cognitiva. A nossa equipa pode ajudá-lo!

Referências:

https://www.who.int/news-room/detail/30-03-2017–depression-let-s-talk-says-who-as-depression-tops-list-of-causes-of-ill-health

http://www.apn.org.pt/documentos/artigos_opiniao/APN_AO_DM_Saude.pdf

http://n.neurology.org/content/early/2018/11/21/WNL.0000000000006684?fbclid=IwAR3WI_wdDrhBhT-Z3pUQ1rKexGRBepDg4Gv7QgQjcGm4EATNK_j5s9Hoq9M